LabCidade presta consultoria à Prefeitura de Belém para a elaboração de projetos de mobilidade urbana

• Atualizado há 2 anos ago

A Prefeitura de Belém, por meio da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), firmou parceria com o Laboratório Cidade (LabCidade) para prestar consultoria na área de mobilidade urbana. Essa consultoria começou com oficina aos técnicos da Semob e vai continuar nos próximos 10 meses.

O LabCidade é uma organização sem fins lucrativos, que tenta pensar as maneiras sustentáveis na Amazônia.

“Além de trabalhar com moderação de tráfego e urbanismo tático, vamos dar essa consultoria à prefeitura para acompanhamento de outros projetos de mobilidade urbana, principalmente mobilidade ativa, mobilidade para pedestre, ciclistas e alguma coisa para transporte coletivo”, pontuou Lucas Nassar, coordenador-geral da organização sem fins lucrativos.

Segundo Nassar, a ideia é fazer com que, nos próximos 10 meses, a cidade possa apresentar propostas de projetos para captar recursos nessas áreas e que a mobilidade seja mais sustentável e mais segura aos seus habitantes.

Consultoria

“O LabCidade dispõe de recursos próprios para dar consultorias às prefeituras daqui da região metropolitana, na área de construção, cidades mais sustentáveis, com espaços públicos e vias mais seguras aos usuários em geral, colocando o pedestre como prioridade, em conformidade com o Plano Nacional de Mobilidade Urbana”, explicou Lucas Nassar.

A organização ainda vai acompanhar os diferentes departamentos responsáveis pelos projetos e pelas implantações dos mesmos, numa metodologia participativa com a sociedade e com os moradores de Belém e, posteriormente, fazer testes dessas soluções que, segundo Nassar, são de custo baixíssimo e não vão onerar os cofres públicos.

Quando o projeto for implantado, será mensurado e observado para saber se está dando certo ou não. “Como é de baixo o custo vai poder voltar ao que era antes ou fazer correções”, disse Nassar. Após isso, o poder público poderá despender recursos. “Porque é uma metodologia para economizar dinheiro público”, completou.

Oficina

A oficina teórica e prática serviu para introduzir as técnicas de moderação do tráfego, por meio do urbanismo tático e elaboração de projetos simples e prático de Mobilidade, como poder criar ruas mais seguras às crianças, aos idosos e a todos os usuários. Essa moderação do tráfego vai ao encontro das discussões do Maio Amarelo de diminuir a morte no trânsito e construir vias mais seguras.

Segundo Nassar, durante a oficina, os técnicos da Semob puderam ter contato com esses conceitos e fazer análise de outras intervenções similares em outras cidades da América Latina e do mundo. Posteriormente, puderam desenhar propostas para Belém, como a análise de conflitos de tráfego para três cruzamentos da cidade.

Cruzamentos

Foram escolhidos cruzamentos com um índice de sinistros de trânsito severos, que levam à morte ou à internação hospitalar. São eles: travessa Quintino Bocaiúva com a avenida Nazaré, travessa Doutor Moraes com a rua dos Mundurucus e avenida Visconde de Souza Franco com a rua Boaventura da Silva.

“São lugares que a gente sabe que têm uma fragilidade muito grande para o pedestre ou para o ciclista e que vemos conflitos muito sérios que ainda não dão problema, porém, não podem ser deixados de lado”, pontuou Nassar. A dinâmica seria estabelecer propostas seguras para esses trechos por três grupos de trabalho.

Quintino/Nazaré

A proposta foi tentar inserir, aos poucos, uma área de convivência no Largo do Redondo, eliminando uma parte da área ociosa, próxima ao Tribunal de Contas do Estado(TCE). Segundo o engenheiro civil da Semob, Douglas Rosa Hermes, a ideia é dar prioridade ao pedestre, apesar da iniciativa não considerar a redução de estacionamento na área.

Douglas achou a oficina muito boa e produtiva. “Através da oficina, passamos a ver a via, não só como área de fluxo, mas, com prioridade ao pedestre, mantendo o melhor para ambos”, pontuou.

Dr. Moraes/Mundurucus

Foi pensado transformar a travessa Doutor Moraes em sentido único, da rua dos Mundurucus para a rua Pariquis; unificação da ilha (calçadão), existente em frente ao Horto Municipal, com um calçadão até a churrascaria existente no local, delimitando a saída de veículos da passagem do horto para a Mundurucus; redução do semáforo de 3 tempos para 2 tempos; estreitamento da via em ambas as esquinas da Dr. Moraes com alargamento da calçada, mantendo a configuração atual da ciclofaixa e do estacionamento.

“No entendimento geral seria bem viável pois garantiria a segurança do pedestre e ciclista ordenando os fluxos”, avaliou Adriano Menezes, chefe de Divisão de Projetos de Trânsito da Semob. Segundo ele, a oficina foi muito produtiva e ajudou a todos os envolvidos a terem uma visão mais ampla de urbanismo tático e suas melhorias nos espaços tratados.

Essa consultoria tem como pontos positivos desenvolver uma Belém mais sustentável com benefícios para pedestres, ciclistas e motoristas. “A próxima etapa será colocar em prática essas propostas pensadas, como projetos pilotos”, disse.

Doca/Boaventura

“Foram propostas intervenções no sentido de facilitar a travessia de pedestres no cruzamento da avenida Visconde de Souza Franco com a Boaventura da Silva, sem adicionar tempos semafóricos ou reduzir a quantidade de faixas de circulação de automóveis”, explanou Onofre Velloso, diretor de Mobilidade da Semob.

Segundo o diretor, também foi proposta a implantação de segregadores para limitar um trecho de ciclofaixa, onde se percebeu intensa circulação de automóveis. “A oficina foi muito válida, principalmente, por apresentar uma forma de intervenção urbanística, que pode ser implantada a custos mais baixos”, observou Onofre Velloso.

Segundo ele, o urbanismo tático propõe a demarcação de alterações viárias ou novos traçados para circulação de pedestres e ciclistas, com a utilização de tinta de piso, ao invés de iniciar por obras físicas de pavimentação viária.

“Isso proporciona a possibilidade de experimentar a adoção de novos traçados viários e, após verificar os resultados, adotar uma solução definitiva”, concluiu o diretor.

Texto:

Rosangela Gusmao

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