Excesso de velocidade e estacionamento em local proibido foram as infrações de trânsito mais cometidas na capital paraense em 2014, segundo ranking de infrações registradas pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém – Semob. Mas há uma boa notícia: esses números estão caindo. Apesar de Belém ser uma cidade onde ainda se vê muito desrespeito dos condutores ao Código de Trânsito Brasileiro, a média mensal das infrações no ano passado reduziu consideravelmente em comparação a 2013, mostrando que as ações educativas e de fiscalização do órgão, além da mobilização da própria sociedade, têm surtido efeito para a construção de uma cidade onde o direito de ir e vir seja respeitado por todos.
Em 2013, a Semob computou 257,8 mil infrações de trânsito no município de Belém. Em 2014, o total foi de 411,2 mil infrações de trânsito. O aumento nos números se deu, entre outros motivos, porque no ano de 2013 a Semob contava com cinco radares ativados apenas nos meses de novembro e dezembro. Já em 2014 esse número subiu para sete radares funcionando de janeiro a dezembro, portanto 10 meses a mais de registros eletrônicos de infrações do que no ano anterior. Mesmo assim, a média mensal de multas por radares caiu. Em 2014 foram aplicadas em média 34,2 mil penalidades ao mês para os condutores que transitaram com velocidade superior à máxima permitida na via; em 2013 essa média era de 39,5 mil.
Infelizmente, correr ao volante não é um mau hábito apenas dos motoristas de Belém. Rio de Janeiro, Curitiba e outras capitais brasileiras também apontam a infração como a mais cometida, um problema sério e que traz graves consequências para a população já que, quanto maior a velocidade maior a chance dos acidentes terem vítimas fatais ou com ferimentos graves.
Um estudo do Departamento de Tráfego Britânico feito em 1993 comprovou que a velocidade tem relação direta com o impacto e a gravidade dos acidentes. Ele mostrou que, em um atropelamento com o veículo a 32Km/h, 5% dos pedestres atingidos morrem e 65% sofrem lesões. A 48Km/h, 45% morrem e 50% sofrem lesões. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados no Manual de Segurança para Pedestres, revelam que as probabilidades de uma pessoa sobreviver a um atropelamento se tornam ligeiramente mais baixas a partir de um impacto a 50km/h. O manual orienta que os órgãos de trânsito fiscalizem as áreas de grande fluxo de veículos, delimitando os limites de velocidade e moderando o tráfego.
“Investimos em educação e conscientização desses condutores, fomos às ruas e, como eu sempre digo, as medidas educativas vão gerando resultado a médio e longo prazo, mudanças de comportamento não se fazem de um dia para outro. Agora estamos começando a ver esses resultados e esperamos que todos os motoristas passem a se comportar de maneira diferente, para que tenhamos índices de infrações ainda menores em 2015”, avalia Maisa Tobias, superintendente da Semob.
“Educação é mudança de comportamento e os resultados alcançamos aos poucos. A implantação dos radares de velocidade tem ajudado na educação dos condutores, que tendem a desacelerar com receio do flagrante. A fiscalização é uma forma de educar e a melhoria na sinalização na cidade também orienta os condutores quanto a atitudes mais seguras. Esperamos que as pessoas se conscientizem”, diz Manoel Pinheiro, técnico em segurança e educação para o trânsito da Semob.
Outras infrações
Mas não foi somente o excesso de velocidade que reduziu em Belém. O estacionamento em local proibido que, em 2013, somando todos os 30 tipos desta infração (estacionamento sobre calçada, em faixa de pedestre, em frente à guia rebaixada de garagem, etc.), chegou a mais de 43 mil multas ao ano, passou para 28 mil multas em 2014, uma queda de 54%. Avançar sinal vermelho e conduzir motocicleta sem capacete, que há dois anos ocupam, respectivamente, o quarto e quinto lugar no ranking, também tiveram uma queda de 85 e 79% cada.
Para diminuir ainda mais esses índices, a Semob pretende investir cada vez mais em educação e, para isso, está preparando um grupo de agentes educadores que vão às ruas não para fiscalização, mas para reforçar o trabalho de conscientização. “Eles são agentes de trânsito experientes, que estarão focados neste trabalho nas ruas junto com a equipe de educação, que já realiza um programa educativo permanente. Vamos uni-los aos agentes ciclistas, que também têm como missão, antes de tudo, educar para fortalecer as ações de educação nas ruas”, reforça Maisa.
Ranking 2014
1° Transitar com excesso de velocidade
2° Estacionar em local proibido
3º Avançar sinal vermelho
4° Conduzir motocicleta sem capacete
5º Dirigir veículo utilizando telefone celular
Texto: Esperança Bessa
Foto: Arquivo-Agência Belém
Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (SEMOB)