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Audiência pública define metas para licitação de novo sistema de transporte em Belém

905723a0-0e33-4fb0-92b5-7b4dd29a0389A cidade de Belém tem um sistema de mobilidade urbana que transporta por dia cerca de 750 mil pessoas, mas que não está conseguindo mais atender às demandas da população. Devido à necessidade urgente de revisão desse modelo atual, a Prefeitura Municipal de Belém (PMB), por meio da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), promoveu na manhã desta terça-feira, 16, no auditório do Ministério Público do Estado do Pará, uma audiência pública sobre o aprimoramento e consolidação do projeto básico que vai subsidiar a concorrência pública para a concessão do Novo Sistema de Transporte Coletivo da capital paraense.
A audiência teve a participação do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho; da titular da Semob, Ana Paula Grossinho; do procurador de Justiça, Jorge Mendonça; do presidente da Câmara de Vereadores de Belém, Mauro Freitas, e outras autoridades, além de representantes de movimentos populares e outros segmentos da sociedade.
Estudo – O engenheiro George Lavor Teixeira, da empresa EGL Engenharia, de Brasília (DF), contratada para fazer o estudo sobre o trânsito em Belém, fez a apresentação do projeto básico. Ele disse que atualmente o serviço de transporte em Belém é operado via ordens de serviço que têm um embasamento jurídico muito frágil para tal função.
O engenheiro mostrou no estudo que a frota operacional em Belém é composta de 1.350 ônibus – em 127 linhas, operadas por 14 empresas -, e 400 vans e microônibus, que rodam 350 mil quilômetros por dia, o que perfaz uma arrecadação bruta às empresas de mais de R$ 450 milhões ao ano. Atualmente, esse sistema tem mais de 10 mil colaboradores diretos envolvidos na operação e uma estimativa de mais de 20 mil empregos indiretos. Para melhorar esse sistema básico seriam necessários investimentos em 1.600 veículos, além de garagens e postos de atendimento.
O objetivo da licitação – que prevê a publicação do edital já em fevereiro deste ano – é a regularização da situação contratual do setor e uma efetiva melhoria das condições das viagens, com otimização dos serviços e modernização, por meio da bilhetagem eletrônica integrada. A estimativa de tempo para a total implementação do novo sistema é de dois anos.
Também prevê que todo o sistema seja operado por apenas dois lotes, que podem ser de uma empresa isolada ou consórcio, na categoria Básico, e o BRT integralmente alocado em apenas um lote. Os lotes atuarão ainda na operação e manutenção de terminais e estações. “Sendo apenas dois grandes grupos, isso ajudará bastante no momento das negociações com o poder público”, lembrou George Teixeira.
Legislação – Outros detalhes preveem também um contrato de no mínimo seis anos, com possibilidade de renovação por igual período, o que permite aos empresários uma segurança de investimentos; a transição gradual das linhas; a eliminação ou fusão de linhas sobrepostas; a incorporação da manutenção de terminais e estações como parte do objeto da licitação, que é de responsabilidade dos concessionários; e a implantação gradativa de frota de veículos equipados com ar condicionado, com no mínimo 20% nos dois primeiros anos, e 5% nos demais.
Ainda segundo o estudo, os problemas do sistema atual são de ordem funcional, de delegação e de gestão. Na área funcional, chama a atenção o baixo nível do serviço prestado, a alta sobreposição de linhas nas áreas centrais da cidade; a ramificação excessiva para os bairros; o baixo aproveitamento da frota e a quase não existência de integração.
Na área de delegação há uma fragilidade contratual e desatualização da Legislação Municipal, enquanto que a ausência de parâmetros claros para reajuste tarifário e a insuficiência de uma estrutura para fiscalização e controle de operação do sistema são os entraves no segmento de gestão.
George Teixeira informou que o momento de apresentação do projeto é inicial e que prevê a contribuição da população, presencialmente e por meio da internet. “A ponderação principal do estudo é quanto à qualidade do serviço, como regularidade e pontualidade, que são os pontos mais reclamados pela população e que recebemos como diretrizes para serem priorizados. O sistema de transporte público em Belém vem evoluindo há 30 anos e apresenta os mesmos problemas das grandes cidades, como a sobreposição de linhas e em outras áreas da cidade, a falta delas. A isso chamamos de desbalanceamento”, explicou o engenheiro. Ele afirmou também que o desafio da comunicação social à população sobre o novo sistema “é grande e de suma importância”.
Desafios – O prefeito Zenaldo Coutinho disse que os investimentos financeiros pelo município já estão sendo feitos. “Estamos aqui para compatibilizar sonhos com a realidade. Sabemos que ninguém está satisfeito e há uma grade necessidade de se organizar. A infraestrutura do transporte público, que é feita por nós, já está bem avançada, agora a parte de investimentos em ônibus e serviços é com os operadores. E precisamos saber claramente se quando forem necessários reajustes de tarifas, quem vai pagar por isso, e que não deverá ser o usuário”, ponderou.
Ana Paula Grossinho disse reconhecer que o sistema atual de transporte tem falhas e todos buscam a qualidade do serviço. “Estamos em uma licitação pioneira, cujas contribuições da população serão bem vindas. O site da Semob está aberto às colaborações, que serão analisadas e incorporadas ao projeto, se for o caso. É um projeto transparente, cuja minuta foi entregue aos órgãos de fiscalização do Estado e Município, e que tem seus pontos baseados em experiências bem sucedidas em outros Estados”, enfatizou a superintendente da Semob.
Mais de cem pessoas, integrantes de movimentos sociais e outras áreas da sociedade, acompanharam a audiência atentamente, mas alguns, como Jorge André, se mostraram insatisfeitos com certos pontos do processo. “Eu acho que esta audiência não foi divulgada o bastante e que o acesso ao edital apenas pela internet não é suficiente. Também acredito que mais audiências deveriam ser feitas, descentralizadas, e nos bairros mais distantes do Centro”, opinou Jorge que integra a Frente Povo sem Medo, em Belém.
Depois da audiência inicial, prevista no rito jurídico, os passos seguintes do processo são a reunião do Conselho Deliberativo do Trânsito de Belém, o encaminhamento ao prefeito de Belém e à Câmara Municipal, aviso de edital, publicação de edital, recepção e abertura de envelopes e período de recursos, assinatura de contrato, e por fim, a entrega das ordens de serviços.
Serviço:
Quem não pode comparecer à audiência pública poderá encaminhar sua dúvida ou sugestão para o e-mail contato.semob@belem.pa.gov.br, que posteriormente serão respondidas. As premissas iniciais resumidas das especificações técnicas do projeto básico estão disponíveis para consulta no site www.belem.pa.gov.br/semob, até o dia 30 de janeiro.
 
Por Dedé Mesquita
Fotos: Tássia Barros

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