É de bicicleta que a dona de casa Denize Ribeiro, 37 anos, leva e busca todos os dias o filho Igor, de 11 anos, na escola. Antes, o veículo ficava em casa, principalmente por causa do medo de acidentes. “Depois que no caminho da escola passou a ter ciclofaixa, eu passei a usar a bicicleta”, conta Denize.
A preocupação da dona de casa faz todo o sentido. Somente o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência atendeu 391 vítimas de acidentes com ciclistas de janeiro a novembro de 2015, a maioria da região metropolitana. Em 2014 foram 374, um aumento de 17 casos. “Seria melhor se todos respeitassem o espaço destinado a nós. Sempre deparo com carros estacionados no caminho, acabo tendo que desviar no meio da rua”, lamenta a dona de casa, que sabe que a situação aumenta o risco de colisões.
Um levantamento feito pelo Detran, com base em dados de 2012, aponta Belém como o município com o maior número de acidentes envolvendo bicicletas do Estado. Foram 593 batidas, dados que chamaram a atenção das autoridades de saúde e de trânsito do município que, desde o início da atual gestão, em 2013, vêm investindo na criação de pistas exclusivas para ciclistas.
Até agora foram criados 21 quilômetros de ciclovia e ciclofaixas com a instalação de sinalização em mais de 15 vias, entre elas áreas de rotas consideradas importantes como a Rua dos Mundurucus e as Avenidas José Bonifácio, Tavares Bastos, Almirante Barroso e Brigadeiro Protásio.
Para o autônomo Bruno Lobato, 35 anos, que usa a bicicleta diariamente para ir ao trabalho é bastante significativa a diferença de um caminho sem ciclofaixa. “Antigamente tinha que ficar dividindo pista com os carros e ônibus, o que era bem perigoso. Hoje, já me sinto bem mais seguro por termos vias com o nosso espaço garantido. Espero que Belém continue ganhando mais ciclofaixas”, anseia. E o desejo do autônomo está dentro dos planos da Prefeitura de Belém. Atualmente a cidade tem 88 quilômetros e a meta é chegar a mais de 135 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas até o final de 2016.
Fiscalização
Além da criação de pistas exclusivas para os ciclistas, a Prefeitura de Belém pretende aumentar ainda mais a fiscalização das ciclovias e ciclofaixas, que devem permanecer livres para a circulação dos ciclistas. “Também pedimos a ajuda da população, caso veja alguém parado indevidamente, pode ligar para o 118, comunicar no Twitter ou por e-mail”, orientou Manoel Pinheiro, técnico em segurança e educação no trânsito da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob).
De acordo com a Semob, são constantes as ações educativas realizadas antes das novas sinalizações, para informar sobre as mudanças na dinâmica da via. O trabalho é dirigido também aos moradores e comerciantes da localidade. “Assim como é importante que os motoristas e pedestres obedeçam à sinalização, os ciclistas também precisam ter consciência de seus deveres. Devem obedecer as regras de circulação, utilizar os equipamentos de segurança, respeitar as mãos das ciclofaixas e ciclovias e realizar os gestos de sinalização de suas manobras”, explicou Manoel Pinheiro.
Os motoristas que transitam em ciclovias ou ciclofaixas, infração considerada gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro, estão sujeitos à multa no valor de R$ 574,62 e 7 pontos na carteira. Já para os condutores que infrigem as leis estacionando nas ciclovias e ciclofaixas, a multa é considerada grave, custa R$ 127,69 e 5 pontos na carteira, além de estarem sujeitos a ter seus veículos guinchados.
Novas sinalizações também pedem a atenção dos condutores, em breve a Avenida Duque de Caxias também receberá uma ciclovia, que terá 2.526 metros. Assim como a Avenida Augusto Montenegro, após a finalização do BRT, terá 28 quilômetros de ciclovia.
Prevenção
A Prefeitura Municipal de Belém também realiza o projeto federal “Vida no Trânsito” que busca reduzir casos de acidentes e o número de vítimas no trânsito. Entre as ações do projeto direcionadas aos ciclistas, está a distribuição de adesivos luminosos para bicicletas, o que facilita a visualização do veículo durante a noite. A iniciativa também fomenta o uso de outros equipamentos adequados para o ciclista como capacete, retrovisor e buzina.
As ações do projeto são realizadas por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e Semob.
Texto: Andreza Carvalho
Foto: João Gomes – NID Comus
Coordenadoria de Comunicação Social (COMUS)