Foi da frente da casa onde mora e com a filha de três meses no colo, que a cabeleireira Isaura Silva, de 24 anos, assistiu atenta, o ir e vir de máquinas na pista da avenida Bernardo Sayão nesta quarta-feira, 25, quando teve início a segunda etapa de asfaltamento, no trecho entre a rua Augusto Corrêa e a avenida José Bonifácio, no bairro do Guamá. O trânsito da via sofreu alterações e foi canalizado para a chamada pista nova da via, já asfaltada, com a adoção de mão dupla, que permanecerá até a conclusão da pavimentação da outra pista, prevista para o dia 14 de maio.
Agentes da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) foram destacados para orientar o trânsito na área. São duas equipes atuando nas extremidades do trecho interditado para o avanço do serviço de asfaltamento, realizado em etapas de 250 metros, para minimizar os transtornos na área portuária onde é grande o tráfego diário de carretas para carga e descarga e transitam diversas linhas de ônibus. Placas também sinalizam e orientam condutores a evitarem a via durante as obras.
Mesmo com os transtornos, Isaura, que mora na Bernardo Sayão há cinco anos, se diz feliz com a mudança na rua onde mora. “Antes eu nem conseguia sair com o carrinho de bebê pra passear com a minha filha porque, ou era só poeira ou era o lamaçal e a vala aqui na frente”, relembra, e afirma que os moradores já percebem melhorias na vista e na mobilidade na área com a obra de macrodrenagem e urbanização que está sendo realizada na área pela Prefeitura de Belém, por meio do Programa Sanear Belém com investimento de 128 milhões de reais.
Os motoristas das 11 linhas de ônibus que circulam pela área, também comemoram o avanço da obra, principalmente por conta das fortes chuvas que têm caído na cidade nos últimos meses e causado alagamentos e atoleiros nas vias sem asfalto. “Estava feio, era só lama”, destaca o motorista Elias Lopes. Segundo ele, um dos principais benefícios será a agilidade nas viagens com a redução dos congestionamentos. “Vai amenizar os atrasos que prejudicam tanto os rodoviários quanto os passageiros, que enfrentam sufoco na via”, frisa o condutor.
De acordo com o engenheiro Antônio Neto, fiscal da obra, o transtorno está acabando, já que a execução dos serviços de macro e microdrenagem, com o fechamento do canal e a construção de uma rede de galerias subterrâneas, parte de maior complexidade do projeto de engenharia, foi concluído. Segundo ele, “a pavimentação e a urbanização estão em fase adiantada e o projeto de paisagismo também já foi iniciado e é desenvolvido junto com a comunidade”, que se tornou parceira como madrinha dos ipês plantados no canteiro central, onde antes existia o canal da Bernardo Sayão. Pelo projeto, moradores se comprometeram a cuidar das plantas, junto com a Prefeitura, e receberam inclusive qualificação por meio da FAEPA/Senar, parceira do projeto de paisagismo, com o Instituto Ideflor, que doou as mudas.
Os donos de portos entraram em acordo sobre a logística de embarque e desembarque durante as interdições de trechos pela Prefeitura de Belém. Pelo acertado entre os empresários, os empreendimentos localizados na área interditada poderão embarcar e desembarcar nos portos onde a via estiver liberada, reduzindo os riscos de prejuízos para o segmento na área. Mário Ishiguro, dono do Porto Seguro, diz que recebe em média de 10 a 12 carretas para carga e descarga diariamente compreendeu que o momento é de paciência para receber os benefícios depois da obra. “Com um pouco de sacrifício a gente não vai ter tanto prejuízo”, avalia o empresário, que acredita que logo o acesso vai ficar mais fácil e vai beneficiar os negócios na área.
Sinalização – Para iniciar a pintura de sinalização das pistas ao final das obras de pavimentação, será necessário aguardar o período de secagem completa do asfalto, o que deve durar, segundo recomendações técnicas, aproximadamente 15 dias. “É o tempo necessário para que o asfalto não absorva a tinta e o serviço ganha durabilidade”, esclarece o engenheiro Antônio Neto, que ressaltou a importância de evitar o risco de desperdício de dinheiro público, com pintura perdida.
Em virtude disso, o diretor de trânsito da Semob alerta que o cuidado ao volante deverá ser redobrado. “A pista asfaltada não deve ser sinônimo de velocidade e imprudência. Iremos liberá-la antes da sinalização ser finalizada por um acordo com os proprietários de portos, que estão sendo parceiros desde o início do trabalho na área e não podem ser penalizados com a demora na abertura da via, mas é importante ressaltar que, sem sinalização, o cuidado deve ser redobrado, seguindo a risca as orientações do Código de Trânsito Brasileiro, e todo condutor sabe de sua responsabilidade ao volante”, orienta Marcos Chagas.
Mudança – O projeto da nova avenida Bernardo Sayão se adapta às demandas que vão surgindo com o avanço da obras. Foi o que ocorreu com uma rotatória prevista, na confluência dessa avenida com a rua Augusto Corrêa, em frente à Universidade Federal do Pará (UFPA), que passou por mudanças.
“A construção de uma rotatória nessa confluência implicaria em um impacto direto à vida de 30 famílias, aqui das redondezas, e em especial na área de geração de emprego e renda delas. Fizemos um estudo de viabilidade e optamos por suprimir a rotatória e implementar uma ‘folha’. Com isso, não teremos problemas de mobilidade, que será mantida como o projeto original, e ainda vamos ter uma economia de R$ 4 milhões, que seriam utilizados no pagamento de indenizações por desapropriações às famílias que seriam atingidas. Essa verba poderá ser utilizada, por exemplo, em outras áreas, como a recuperação de passagens e vielas que se estendem ao longo da avenida Bernardo Sayão”, explicou a coordenadora geral do programa Sanear Belém, Luciana Vasconcelos.
Obras – O antigo canal a céu aberto que cortava toda a extensão da via passou por um complexo trabalho de engenharia e foi fechado por completo no trecho, com a instalação de galerias. Uma rede de microdrenagem também foi garantida para canalizar a água das vias da área para as novas galerias subterrâneas. Para garantir acessibilidade, a prefeitura construiu dois mil metros de calçadas com piso tátil e mil metros de ciclovia. Após a conclusão da pavimentação, será feita a sinalização da via, o que somente será possível depois do chamado “tempo de cura” do asfalto, que é o período necessário para a secagem completa do piso para a aplicação da tinta.
Por Tania Menezes
Fotos: Oswaldo Forte
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