Mais uma empresa de ônibus teve sua frota impedida de circular em Belém. Trata-se da viação Transportes Pinheiro, que operava no sistema com uma única linha – Guanabara/Presidente Vargas – e que teve todos os quatro ônibus reprovados na vistoria realizada na noite da última quarta-feira, 7, pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém. Entre as irregularidades, chamou a atenção dos fiscais que 100% da frota tinha irregularidades na documentação e placa, e um dos veículos estava com o eixo da direção remendado com massa adesiva do tipo Durepoxi.
Foram encontrados documentos de Ananindeua com placa de Belém, outros que informavam que a placa era da categoria particular (cinza) e estavam rodando com placa vermelha de aluguel, um veículo com impedimento judicial – e que por isso não poderia estar rodando – e outro com IPVA vencido desde 2011. Os quatro veículos estavam sem lacre nas placas. Do ponto de vista de estrutura dos veículos, além do problema com o eixo da direção foi encontrado outro ônibus com o eixo solto.
Outra irregularidade detectada é que a empresa registrou um endereço de garagem junto à SeMOB, e quando os fiscais chegaram não havia nenhum ônibus no local. “Achamos estranho e o funcionário não queria nos informar onde, de fato, estavam guardados os carros. Depois de muita insistência conseguimos o endereço do local, que não pode ser considerado uma garagem. É apenas um pátio improvisado, sem a mínima estrutura para abrigar os ônibus ou dar condições de trabalho aos funcionários”, diz Murilo Souza, diretor da SeMOB à frente da fiscalização da Transportes Pinheiro, que fez um Boletim de Ocorrência registrando todas as irregularidades de documentação dos veículos.
Simultaneamente à visita feita ao pátio da Transportes Pinheiro, uma outra equipe da SeMOB também fiscalizou a empresa Viação Guamá, que teve apenas dois veículos lacrados, de uma frota de 35 vistoriados. A empresa Forte, que já atua na linha Guanabara/Felipe Patroni, assumiu emergencialmente a linha Guanabara/Presidente Vargas. Como a Transportes Pinheiro é vinculada ao transporte público de Ananindeua, o impedimento da SeMOB é exclusivamente quanto à entrada dos veículos em Belém.
Balanço
Com a fiscalização de quarta-feira e a anterior, realizada na terça, 05, na empresa Transurb, que lacrou quatro veículos, já são 58 os ônibus impedidos de circular em Belém, sendo 40 pelo período de 15 dias, até que sejam feitas as adequações, e 18 permanentemente, por pertencerem às empresas Eurobus e Transurb, retiradas do sistema de transporte público de Belém.
“A cada fiscalização é uma surpresa e, quando achamos que já encontramos o pior, vem algo que nos deixa perplexos. Não bastassem as baratas e os pneus carecas, agora encontramos veículos com eixo solto, o que coloca em risco a vida das pessoas”, diz Maisa Tobias, superintendente da SeMOB. Ela diz que a chance para que as empresas se adequassem já foi dada, mas em vão. “As empresas dizem que foram pegas de surpresa, mas na verdade a Operação Corujão iniciou no ano passado e acho que elas não levaram a sério a fiscalização. Já naquela época detectamos as primeiras irregularidades e demos tempo, conversamos, oferecemos condições para que elas se regularizassem. Algumas até assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta, mas não cumpriram. Então não teve jeito: tivemos que tirar essas empresas do sistema”, diz Maisa.
“Acreditamos que até o final dessa gestão teremos um transporte público digno em Belém. Para isso, estamos tirando do mercado esses empresários que não entendem que trabalham transportando vidas, e que precisam cuidar dos usuários que pagam pelo serviço e também de seus funcionários. A SeMOB não pode ser tolerante com empresa que não tem compromisso”, enfatiza Maisa.
A população pode ajudar a direcionar as fiscalizações fazendo denúncias sobre linhas sem condição de trafegabilidade pelo telefone 118 e pelo Fale Conosco do site www.belem.pa.gov.br/semob.
Texto: Esperança Bessa
Foto: Alessandra Serrão – NID/Comus
Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (SEMOB)