Se você anda de ônibus e está acostumado a comprar bombons e outros produtos de crianças e adolescentes, deve repensar sobre suas atitudes. Uma campanha do Ministério Público do Trabalho (MPT), em parceria com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) e Sindicato das Empresas de Transporte de Belém (Setransbel), busca conscientizar usuários de ônibus e rodoviários de que essa prática de comércio ilegal, que prejudica o desenvolvimento infanto-juvenil, só será erradicada se toda a sociedade se unir.
“Todos nós temos que assegurar à criança o direito de vida, saúde, lazer e estudo. Se fecharmos os olhos para essa situação a criança será vítima da opressão, violência e negligência. E a responsabilidade de evitar isso é nossa, de toda a sociedade”, destacou Rejane Alves, procuradora do MPT, durante o lançamento da campanha nesta terça-feira, 1°. “Quando compramos um serviço ou um produto de uma criança, contribuímos para que ela permaneça nesse estado de vulnerabilidade e sujeita a todo tipo de violência física, moral e, em alguns casos, ate sexual”, completou.
Na prática, a campanha se dará com cartazes afixados em todos os ônibus do sistema público de transporte de Belém, para lembrar a todos de que ao comprar um produto de uma criança estará colaborando com o “roubo” da infância.
No período de 07 ao dia 11 deste mês, a equipe de arte educação da Semob fará um trabalho educativo dentro dos coletivos. Em seguida, a ação será estendida para as garagens, onde o diálogo será direto com os rodoviários.
A campanha é apenas o começo de um esforço que ainda terá outros desdobramentos. “Esta ação não é o fim, mas o início de um trabalho. Vamos atuar junto aos rodoviários para conscientizá-los e provocar os conselhos tutelares para atuar nos pontos mapeados pelo Setransbel, como locais onde mais existe o embarque de crianças e adolescentes nos ônibus, como por exemplo a avenida Almirante Barroso”, concluiu Rejane.
“A Semob estará indo em cada empresa para conversar com os operadores, motoristas e cobradores, para engajá-los à causa, e nossos arte educadores irão conversar com a população diretamente nos ônibus e nos pontos de parada para que evitem comprar, principalmente do menor de idade. Temos que mudar esta realidade”, pontuou Gilberto Barbosa, diretor geral da Semob.
Há quem já pense dessa maneira. É o caso de Norma Aragão, supervisora de segurança patrimonial e uma das primeiras pessoas que foram abordadas pela equipe de educadores da Semob no lançamento da campanha, em uma parada de ônibus localizada na avenida José Malcher. “A criança tem que brincar. Eu não compro nada de criança e tenho consciência de que isso é fazer a minha parte”, admitiu.
Texto: Esperança Bessa
Foto: Adriano Magalhães
Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (SEMOB)