Os dados alarmantes de acidentes no trânsito têm chamado atenção para a necessidade de discussão de temáticas voltadas à educação no trânsito e que envolvam pedestres, passageiros e condutores. De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde (Devs), da Secretaria Municipal de Saúde, de 2012 até agosto de 2014, ocorreram 562 óbitos em decorrência de acidentes de trânsito no município de Belém. Esses números ainda serão complementados pelo departamento, o que deve elevar ainda mais esse índice.
Para quebrar essa cadeia de acidentes e planejar ações para um trânsito mais seguro, a Sesma, por meio do Projeto Vida no Trânsito, reuniu cerca de 180 pessoas, entre servidores municipais e estaduais da área da educação, saúde e mobilidade urbana, mototaxistas e motoristas rodoviários, no auditório do Sest-Senat, nestas quarta, 27, e quinta-feira, 28, para o “I Encontro do Vida no Trânsito com a Educação – Escola e segurança no trânsito: diálogos e atitudes”.
De acordo com Andréa Rodrigues, coordenadora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – Regional Belém (Cerest), a realização do encontro representa a oportunidade de fortalecimento de espaços de discussão multisetorial e do trabalho em rede, dos órgãos e assuntos relacionados ao trânsito. “A escola, enquanto espaço educativo e de socialização, desempenha papel fundamental nesse processo de ensino aprendizagem para a uma nova postura no trânsito. Este encontro busca sensibilizar e orientar os educadores para que, dentro do ambiente escolar, possam tratar a problemática de forma conceitual, dinâmica e integradora, a fim de reduzir os acidentes em médio e longo prazo”, explica.
Participaram do evento professores e diretores de quase 30 escolas e Unidades de Educação Infantil da rede municipal e estadual de ensino localizadas nas avenidas Almirante Barroso, Pedro Álvares Cabral e Rodovia Augusto Montenegro, que representam as três vias de maior incidência de acidentes, segundo levantamento do Devs. Andrea diz que trabalhar a prevenção de acidentes na escola é prevenir, consequentemente, a sobrecarga em toda rede assistencial, pois uma pessoa acidentada gera impactos social, econômico, psicológico e de saúde, que afetam o desenvolvimento do país, considerando o volume de perdas de vidas humanas que poderiam estar social e economicamente ativas.
Durante o evento, Péricles Matos, vice-diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental Tenoné, relatou sua preocupação com a segurança dos alunos do estabelecimento de ensino ao transitarem pela Augusto Montenegro. Segundo ele, diversos acidentes já aconteceram em frente à escola. Já para Nazaré Palheta, motorista de ônibus há quatro anos, a educação também tem que se estender aos rodoviários, por isso a necessidade de cursos de capacitação sempre. “Todos se beneficiam com a educação no trânsito, porque precisamos de novas posturas com urgência”, diz a rodoviária.
O analista de dados epidemiológicos do Devs, Glaubus Barreiros, ressaltou que esses encontros são importantes para alertar que as posturas no trânsito são responsabilidades compartilhadas por todos os segmentos da sociedade. “Se formos analisar, o trânsito está matando mais do que a dengue ou a meningite e poucos se chocam com isso. A noções de conduta no trânsito inseridas no ambiente escolar são a nossa tentativa de reverter essa situação”, conclui.
SOBRE O PROJETO
O Projeto Vida no Trânsito faz parte da resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), que definiu o período de 2011-2020 como Década de Ações para a Segurança no Trânsito, nos dez países que registram quase a metade das mortes por acidentes de trânsito no mundo: Brasil, Federação Russa, China, Turquia, Egito, Vietnã, Camboja, Índia, Quênia e México.
O projeto já está implantado em algumas capitais brasileiras, incluindo Belém. A Secretaria Municipal de Saúde gerencia o projeto em parceira com Semob, Semec, Secretarias de Estado de Saúde (Sespa), Segurança Pública (Segup) e Educação (Seduc), Departamento Estadual de Trânsito (Detran), associações e universidades entre outros.
Texto: Paula Barbosa
Foto: Tássia Barros – Comus
Secretaria Municipal de Saúde (SESMA)
